Na edição do dia 11/01/09, da Gazeta do Povo, no Caderno Mundo, uma reportagem interessante recuperou um tema que já vinhamos debatendo a tempos: "Deus existe?" e “É possível ser ateu?”.
O título, "Uma campanha contra Deus", aborda a campanha publicitária que desde o final do ano passado é divulgada na área de merchandising dos ônibus da capital inglesa, de autoria da roteirista Ariane Sherine.
O slogan “There´s Probabily no God – Now stop worryng and enjoy your life”, provoca a idéia de um ateísmo reinante no século 21, onde ninguém precisa submeter-se necessariamente a processos religiosos teístas.
Contudo a questão é mais profunda, ser ateu significa o que exatamente?
Não acreditar na existência de Deus, não acreditar em Deus, ser contra Deus ou não possuir uma religião de adoção?
Quaisquer destas alternativas são simplesmente relativas e aproximativas, ainda que conscientemente adotadas pelo ser humano.
Certamente resulta do pensamento linear de que Deus está inexoravelmente ligado ao sagrado, ao religioso, ao místico, ainda que possa estar.
Mas como provar que Deus não existe, ou agora, provavelmente não exista?
Impossível, porque incrivelmente Ele existe!
As coisas vistas de um ponto inadequado levam aos falsos dilemas e às falsas premissas.
Primeiro, nenhuma religião existente passada ou presente detém Deus exclusivamente, apenas pode Dele se utilizar para sistematizar seus fundamentos, mas isto não prova sua existência, nem sua não existência.
Segundo, quando falamos de Deus, na verdade falamos de deuses, já que Ele não tem sido necessariamente único, ainda que os monoteístas tenham reduzido o senso de deidade ao vocábulo Deus, confundindo-se assim conteúdo e continente (nas culturas históricas as divindades tinham vários nomes, origens e atribuições, coisa hoje absorvida no cristianismo pelos Santos).
Terceiro, uma contínua tentativa de provar a existência de Deus através de provas materiais, como se provariam as demais coisas existentes.
Assim, provar a existência de Deus exigiria sua prova física, química e matemática (coisa fácil de resolver, basta considerá-lo o todo que existe no universo, sendo cada elemento sub-atômico uma partícula Dele, embora para muitos não baste).
Mas a coisa é bem simples. O Homem é um ser cultural, e o próprio debate sobre a “existência” de Deus se dá no seio das culturas, como neste movimento publicitário londrino.
Contudo, sugerimos apenas que sejam observadas algumas premissas básicas.
Deus é onipotente, sendo o causador do que acontece e do que não acontece.
Deus é onipresente, está em todos os lugares ao passo de não estar em lugar algum.
Deus é onisciente, sendo o tudo e o nada.
Deus é o amor e a punição, sendo bondoso e severo.
Deus é a causa das maiores virtudes e das maiores ignomínias do ser humano.
Deus é assim, piedoso e justo, ao mesmo tempo em que é dual e contraditório, pois existe e não existe.
Deus é assim por um simples motivo antropológico, é um arquétipo completo.
O Homem sempre constituiu Deus nas fronteiras de seu escasso conhecimento. Quando não sabemos o que vem logo adiante oramos pela graça e proteção de Deus, e quando descobrimos, agradecemos ou culpamo-lo pela adequação ou não da realidade aos nossos interesses.
Na verdade não interessa, como sempre, Deus é o que queremos que Ele seja.
O título, "Uma campanha contra Deus", aborda a campanha publicitária que desde o final do ano passado é divulgada na área de merchandising dos ônibus da capital inglesa, de autoria da roteirista Ariane Sherine.
O slogan “There´s Probabily no God – Now stop worryng and enjoy your life”, provoca a idéia de um ateísmo reinante no século 21, onde ninguém precisa submeter-se necessariamente a processos religiosos teístas.
Contudo a questão é mais profunda, ser ateu significa o que exatamente?
Não acreditar na existência de Deus, não acreditar em Deus, ser contra Deus ou não possuir uma religião de adoção?
Quaisquer destas alternativas são simplesmente relativas e aproximativas, ainda que conscientemente adotadas pelo ser humano.
Certamente resulta do pensamento linear de que Deus está inexoravelmente ligado ao sagrado, ao religioso, ao místico, ainda que possa estar.
Mas como provar que Deus não existe, ou agora, provavelmente não exista?
Impossível, porque incrivelmente Ele existe!
As coisas vistas de um ponto inadequado levam aos falsos dilemas e às falsas premissas.
Primeiro, nenhuma religião existente passada ou presente detém Deus exclusivamente, apenas pode Dele se utilizar para sistematizar seus fundamentos, mas isto não prova sua existência, nem sua não existência.
Segundo, quando falamos de Deus, na verdade falamos de deuses, já que Ele não tem sido necessariamente único, ainda que os monoteístas tenham reduzido o senso de deidade ao vocábulo Deus, confundindo-se assim conteúdo e continente (nas culturas históricas as divindades tinham vários nomes, origens e atribuições, coisa hoje absorvida no cristianismo pelos Santos).
Terceiro, uma contínua tentativa de provar a existência de Deus através de provas materiais, como se provariam as demais coisas existentes.
Assim, provar a existência de Deus exigiria sua prova física, química e matemática (coisa fácil de resolver, basta considerá-lo o todo que existe no universo, sendo cada elemento sub-atômico uma partícula Dele, embora para muitos não baste).
Mas a coisa é bem simples. O Homem é um ser cultural, e o próprio debate sobre a “existência” de Deus se dá no seio das culturas, como neste movimento publicitário londrino.
Contudo, sugerimos apenas que sejam observadas algumas premissas básicas.
Deus é onipotente, sendo o causador do que acontece e do que não acontece.
Deus é onipresente, está em todos os lugares ao passo de não estar em lugar algum.
Deus é onisciente, sendo o tudo e o nada.
Deus é o amor e a punição, sendo bondoso e severo.
Deus é a causa das maiores virtudes e das maiores ignomínias do ser humano.
Deus é assim, piedoso e justo, ao mesmo tempo em que é dual e contraditório, pois existe e não existe.
Deus é assim por um simples motivo antropológico, é um arquétipo completo.
O Homem sempre constituiu Deus nas fronteiras de seu escasso conhecimento. Quando não sabemos o que vem logo adiante oramos pela graça e proteção de Deus, e quando descobrimos, agradecemos ou culpamo-lo pela adequação ou não da realidade aos nossos interesses.
Na verdade não interessa, como sempre, Deus é o que queremos que Ele seja.
Assim, cada Homem em verdade tem o seu próprio Deus arquétipo-cultural, ainda que muitos pretendam compartilhar e coletivizar sua percepção Dele, daí as religiões.
E outros pretendam dele afastar-se, daí o ateísmo.
A questão é bem simples, Deus existe simplesmente porque idealizamos e falamos Dele, em suas diversas possibilidades (... hoje sete bilhões de possibilidades ou mais).
Não há como provar sua não existência, pois cada vez que falamos Dele passa a existir, seja lá em que nível do córtex se encalacre.
Assim, a Antropologia, ciência donde Deus vem sendo provado como invenção do imaginário cultural do Homem; a Psicanálise onde ele se realiza enquanto pulsão e ética; e a História onde ele se realiza enquanto fato social, provam ser impossível arrancar Deus de nossa mente coletiva.
Ele simplesmente existe porque o mencionamos mentalmente e vocabularmente.
É impossível ser ateu, pois não é possível arrancá-lo do saber arquetípico adquirido. Embora possamos Dele se desvencilhar enquanto ferramenta psíquica e social de realização de nosso ser místico-político, talvez a isto se refira a campanha publicitária londrina.
Deus não é de ninguém, mas é de todos.
Sejamos livres para percebê-lo em nosso viver íntimo, respeitando seus aspectos de identidades sociais múltiplas.
A questão é bem simples, Deus existe simplesmente porque idealizamos e falamos Dele, em suas diversas possibilidades (... hoje sete bilhões de possibilidades ou mais).
Não há como provar sua não existência, pois cada vez que falamos Dele passa a existir, seja lá em que nível do córtex se encalacre.
Assim, a Antropologia, ciência donde Deus vem sendo provado como invenção do imaginário cultural do Homem; a Psicanálise onde ele se realiza enquanto pulsão e ética; e a História onde ele se realiza enquanto fato social, provam ser impossível arrancar Deus de nossa mente coletiva.
Ele simplesmente existe porque o mencionamos mentalmente e vocabularmente.
É impossível ser ateu, pois não é possível arrancá-lo do saber arquetípico adquirido. Embora possamos Dele se desvencilhar enquanto ferramenta psíquica e social de realização de nosso ser místico-político, talvez a isto se refira a campanha publicitária londrina.
Deus não é de ninguém, mas é de todos.
Sejamos livres para percebê-lo em nosso viver íntimo, respeitando seus aspectos de identidades sociais múltiplas.
Fábio André Chedid Silvestre
Núcleo de Mídia e Conhecimento
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ResponderExcluirQuando Moisés no Sinal perguntou a Deus como direi ao povo quem tu és?
ResponderExcluirDeus respondeu: Diga ao povo que EU SOU.
Portanto creio a existencia de Deus não depende de nossas convicções.
Ele existe independente de nós crermos ou não.