quarta-feira, 27 de maio de 2009

Parque Histórico de Carambeí um Espaço Museal Aberto nos Campos Gerais



O Brasil passa por um momento cultural ímpar no segmento de MUSEUS, o que redunda em valorização do Patrimônio Cultural enquanto Meio Ambiente e das oportunidades de sua preservação estabelecidas na Constituição Federal.



Além disto, uma série de eventos étnicos tem se sucedido com a celebração de movimentos imigratórios (como o Japonês em 2008 e o Holandês em 2011), ou intercâmbios multi-culturais como o da França neste ano.



Neste momento o Governo Federal legitimou mais uma autarquia para dar suporte às políticas públicas no segmento, o IBRAM – Instituto Brasileiros de Museus, que juntamente com o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico tem a missão de gestionar as ações de Estado em face do Patrimônio Cultural bem como as infra-estruturas de seu suporte, entre elas os museus e a visão evolucionista dos espaços museais.



A evolução dos conceitos de Museu como espaço, transcenderam do tradicional local de guarda de acervo, para um território de criação de significados sociais a partir dos anos de 1970, melhor expresso na, Declaração de Quebec, de 1984, representando a intenção da Nova Museologia, assim expresso:

1. Consideração de ordem universal


A museologia deve procurar, num mundo contemporâneo que tenta integrar todos os meios dedesenvolvimento, estender suas atribuições e funções tradicionais de identificação, de conservação e deeducação, a práticas mais vastas que estes objetivos, para melhor inserir sua ação naquelas ligadas ao meio humano e físico. Para atingir este objetivo e integrar as populações na sua ação, a museologia utiliza-se cada vez mais da interdisciplinariedade, de métodos contemporâneos de comunicação comuns ao conjunto da ação cultural e igualmente dos meios de gestão moderna que integram os seus usuários.Ao mesmo tempo que preserva os frutos materiais das civilizações passadas, e que protege aqueles que testemunham as aspirações e a tecnologia atual, a nova museologia – ecomuseologia, museologia comunitária e todas as outras formas de museologia ativa – interessa-se em primeiro lugar pelo desenvolvimento das populações, refletindo os princípios motores da sua evolução ao mesmo tempo que as associa aos projetos de futuro. Este novo movimento põe-se decididamente ao serviço da imaginação criativa, do realismo construtivo e dos princípios humanitários definidos pela comunidade internacional. Torna-se, de certa forma, um dos meios possíveis de aproximação entre os povos, do seu conhecimento próprio e mútuo, do seu desenvolvimento cíclico e do seu desejo de criação fraterna de um mundo respeitador da sua riqueza intrínseca. Neste sentido, este movimento, que deseja manifestar-se de uma forma global, tem preocupações de ordem científica, cultural, social e econômica. Este movimento utiliza, entre outros, todos os recursos da museologia (coleta, conservação, investigação científica, restituição, difusão, criação), que transforma em instrumentos adaptados a cada meio e projetos específicos.”


Esta nova visão evidencia a noção de Patrimônio Cultural com um bem universal, da Humanidade através das Localidades, assim posto pelo ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios):


"Patrimônio cultural é uma noção muito ampla, pode-se dizer que é tudo o que se relaciona com a cultura, com a história, a memória, a identidade das pessoas ou grupos de pessoas – coletividades de natureza diversa como grupos familiares, associações profissionais, grupos étnicos, nações –: são os lugares, as obras de arte, as edificações , as paisagens, as festas, as tradições, os modos de fazer, os sítios arqueológicos. É tudo o que, para determinado conjunto social, interessa proteger por ser considerado como cultura própria, o que é base de sua identidade, o que o faz distinto de outros grupos, incluindo não somente monumentos e outros bens de caráter físico, mas a experiência vivida, que se condensa na linguagem, nos conhecimentos, nas tradições, nos modos de usar bens e espaços."


Estes valores, estão muito bem evidenciados no projeto do Parque Histórico de Carambeí, uma infra-estrutura cultural multi-uso de caráter museal aberto na forma de parque desenvolvido como resultado de uma parceria público privada, é um indutor de arranjo produtivo local cultural.


Como local de fazer (produção cultural) e local de destino (turismo cultural).

Fábio André Chedid Silvestre

NMConhecimento

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Um APL de Turismo Cultural nos Campos Gerais



O Turismo tem desenvolvido vertentes cada vez mais especializadas, qualificando-se por segmento.

Um deles é o Turismo Cultural, onde predominam os destinos que contenham ou programação cultural variada, ou seja ele próprio Patrimônio cultural, ou ambos.

Os Campos Gerais do Paraná, uma locação geográfica preponderante no segundo planalto do estado, distante cerca de 100 Km da capital Curitiba, caracterizou-se por sua história marcada pela presença dos índios, depois dos Tropeiros e mais recentemente dos imigrantes europeus que ali vieram desde os fins do século XVIII.

Politicamente fazem parte desta organização geográfica um conjunto de 18 municípios, associados através da AMCG (Associação dos Municípios dos Campos Gerais), e que mantém traços muito semelhantes, tanto nos aspectos de natureza e meio ambiente, como da presença marcante das culturas européias, coisa também observada nas regiões vizinhas, o que expande a oportunidade de oferta de conteúdos culturais.

Por ser uma região muito bem servida de infra-estrutura física de mobilidade (estradas), e pela proximidade média entre os municípios componentes, tem sido fixada como rota turística oficial, tanto ecológica e rural como cultural, nos aspectos de patrimônio histórico.
Tais características são reconhecidas pelo poder público, quando em nível estadual criou o a rota denominada “Cenários do Tempo” e no âmbito federal a “Rota dos Tropeiros”.

Em linhas institucionais gerais a região esta bem servida de destinos e roteiros, mas pode ser muito melhorada à medida da formação de um Arranjo Produtivo Local (APL), para consolidar a integração entre economia, governança público-privada e desenvolvimento sustentável.

O conceito de APL já é bem desenvolvido no Paraná, através da ação das iniciativas locais, do governo do estado, da Federação das Indústrias/IEL, bem como foi recentemente matéria da edição dominical do jornal Gazeta do Povo.


Cabe conceituar APL, que pode assim ser entendido:

Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e
sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento
.” (CASSILATO e LASTRES, 2003)

Contudo, ainda não existe no Paraná nenhum arranjo produtivo de caráter turístico cultural, como há no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro entre outros.

Assim, os Campos Gerais já tem maturidade crítica e experiência suficiente para o desenvolvimento e posicionamento de seu próprio arranjo produtivo local, pois possui:

L – Territorialização definida com identidades geográfico-política;
P – Vocação desenvolvida a partir das tradições histórico culturais, com amplo patrimônio histórico material e imaterial;
A – Sinergias entre os atores identificados, através da AMCG e das parcerias que esta instituição tem dimensão para realizar local, estadual, federal e internacionalmente;
Um exemplo brilhante desta fase é o Projeto do Parque Histórico de Carambeí, que servirá de cenário para a comemoração dos cem anos da imigração holandesa nos Campos Gerais em 2011.

Estamos atingindo um ponto de evolução adequado para o desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local de Turismo Ambiental dos Campos Gerais.




Fábio André Chedid Silvestre
NMConhecimento