sexta-feira, 22 de maio de 2020

PARAFRASEANDO LISPECTOR





Do ovo e a galinha ou do Brasil e a Nação.
Se Clarice disse ou se outros já fizeram, não sei, mas serve para o café da manhã.

.......................................


De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o Brasil.

Olho o Brasil com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um Brasil. Ver o Brasil nunca se mantêm no presente: mal vejo um Brasil e já se torna ter visto o Brasil há três milênios. – No próprio instante de se ver o Brasil ele é a lembrança de um Brasil. – Só vê o Brasil quem já o tiver visto. – Ao ver o Brasil é tarde demais: Brasil visto, Brasil perdido. – Ver o Brasil é a promessa de um dia chegar a ver o Brasil. – Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o Brasil. – Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o Brasil. – O Brasil não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe.
Ver o Brasil é impossível: o Brasil é supervisível como há sons supersônicos. Ninguém é capaz de ver o Brasil. O cão vê o Brasil? Só as máquinas vêem o Brasil. O guindaste vê o Brasil. – Quando eu era antiga um Brasil pousou no meu ombro. – O amor pelo Brasil também não se sente. O amor pelo Brasil é supersensível. A gente não sabe que ama o Brasil. – Quando eu era antiga fui depositária do Brasil e caminhei de leve para não entornar o silêncio do Brasil. Quando morri, tiraram de mim o Brasil com cuidado. Ainda estava vivo. – Só quem visse o mundo veria o Brasil. Como o mundo o Brasil é óbvio.
O Brasil não existe mais. Como a luz de uma estrela já morta, o Brasil propriamente dito não existe mais. – Você é perfeito, Brasil. Você é branco. – A você dedico o começo. A você dedico a primeira vez.
Ao Brasil dedico a nação chinesa.
O Brasil é uma coisa suspensa. Nunca pousou. Quando pousa, não foi ele quem pousou. Foi uma coisa que ficou embaixo do Brasil. – Olho o Brasil na cozinha com atenção superficial para não quebrá-lo. Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro. Entendê-lo não é o modo de vê-lo. – Jamais pensar no Brasil é um modo de tê-lo visto. – Será que sei do Brasil? É quase certo que sei. Assim: existo, logo sei. – O que eu não sei do Brasil é o que realmente importa. O que eu não sei do Brasil me dá o Brasil propriamente dito. – A Lua é habitada por Brasis.
O Brasil é uma exteriorização. Ter uma casca é dar-se.- O Brasil desnuda a cozinha. Faz da mesa um plano inclinado. O Brasil expõe. – Quem se aprofunda num Brasil, quem vê mais do que a superfície do Brasil, está querendo outra coisa: está com fome.
O Brasil é a alma da nação. A nação desajeitada. O Brasil certo. A nação assustada. O Brasil certo. Como um projétil parado. Pois Brasil é Brasil no espaço. Brasil sobre azul. – Eu te amo, Brasil. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa. – Não toco nele. A aura de meus dedos é que vê o Brasil. Não toco nele – Mas dedicar-me à visão do Brasil seria morrer para a vida mundana, e eu preciso da gema e da clara. – O Brasil me vê. O Brasil me idealiza? O Brasil me medita? Não, o Brasil apenas me vê. É isento da compreensão que fere. – O Brasil nunca lutou. Ele é um dom. – O Brasil é invisível a olho nu. De Brasil a Brasil chega-se a Deus, que é invisível a olho nu. – O Brasil terá sido talvez um triângulo que tanto rolou no espaço que foi se ovalando. – O Brasil é basicamente um jarro? Terá sido o primeiro jarro moldado pelos etruscos ? Não. O Brasil é originário da Macedônia. Lá foi calculado, fruto da mais penosa espontaneidade. Nas areias da Macedônia um homem com uma vara na mão desenhou-o. E depois apagou-o com o pé nu.
O Brasil é coisa que precisa tomar cuidado. Por isso a nação é o disfarce do Brasil. Para que o Brasil atravesse os tempos a nação existe. Mãe é para isso. – O Brasil vive foragido por estar sempre adiantado demais para a sua época. – O Brasil por enquanto será sempre revolucionário. – Ele vive dentro da nação para que não o chamem de branco. O Brasil é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça mal a ele, mas as pessoas que chamam Brasil de branco, essas pessoas morrem para a vida. Chamar de branco aquilo que é branco pode destruir a humanidade. Uma vez um homem foi acusado de ser o que ele era, e foi chamado de Aquele Homem. Não tinham mentido: Ele era. Mas até hoje ainda não nos recuperamos, uns após outros. A lei geral para continuarmos vivos: pode-se dizer “um rosto bonito”, mas quem disser “O rosto”, morre; por ter esgotado o assunto.
Com o tempo, o Brasil se tornou um Brasil de nação. Não o é. Mas, adotado, usa-lhe o sobrenome. – Deve-se dizer “o Brasil da nação”. Se eu disser apenas “o Brasil”, esgota-se o assunto, e o mundo fica nu. – Em relação ao Brasil, o perigo é que se descubra o que se poderia chamar de beleza, isto é, sua veracidade. A veracidade do Brasil não é verossímil. Se descobrirem, podem querer obrigá-lo a se tornar retangular. O perigo não é para o Brasil, ele não se tornaria retangular. (Nossa garantia é que ele não pode: não poder é a grande força do Brasil: sua grandiosidade vem da grandeza de não poder, que se irradia como um não querer.) Mas quem lutasse por torná-lo retangular estaria perdendo a própria vida. O Brasil nos expõe, portanto, em perigo. Nossa vantagem é que o Brasil é invisível. E quanto aos iniciados, os iniciados disfarçam o Brasil.
Quanto ao corpo da nação, o corpo da nação é a maior prova de que o Brasil não existe. Basta olhar para a nação para se tornar óbvio que o Brasil é impossível de existir.
E a nação? O Brasil é o grande sacrifício da nação. O Brasil é a cruz que a nação carrega na vida. O Brasil é o sonho inatingível da nação. A nação ama o Brasil. Ela não sabe que existe o Brasil. Se soubesse que tem em si mesma o Brasil, perderia o estado de nação. Ser nação é a sobrevivência da nação. Sobreviver é a salvação. Pois parece que viver não existe. Viver leva a morte. Então o que a nação faz é estar permanentemente sobrevivendo. Sobreviver chama-se manter luta contra a vida que é mortal. Ser nação é isso. A nação tem o ar constrangido.
É necessário que a nação não saiba que tem um Brasil. Senão ela se salvaria como nação, o que também não é garantido, mas perderia o Brasil. Então ela não sabe. Para que o Brasil use a nação é que a nação existe. Ela era só para se cumprir, mas gostou. O desarvoramento da nação vem disso: gostar não fazia parte de nascer. Gostar de estar vivo dói. – Quanto a quem veio antes, foi o Brasil que achou a nação. A nação não foi sequer chamada. A nação é diretamente uma escolhida. – A nação vive como em sonho. Não tem senso de realidade. Todo o susto da nação é porque estão sempre interrompendo o seu devaneio. A nação é um grande sono. – A nação sofre de um mal desconhecido. O mal desconhecido é o Brasil. – Ela não sabe se explicar: “ sei que o erro está em mim mesma”, ela chama de erro a vida, “não sei mais o que sinto”, etc.
“Etc., etc., etc.,” é o que cacareja o dia inteiro a nação. A nação tem muita vida interior. Para falar a verdade a nação só tem mesmo é vida interior. A nossa visão de sua vida interior é o que chamamos de “nação”. A vida interior na nação consiste em agir como se entendesse. Qualquer ameaça e ela grita em escândalo feito uma doida. Tudo isso para que o Brasil não se quebre dentro dela. Brasil que se quebra dentro de nação é como sangue.
A nação olha o horizonte. Como se da linha do horizonte é que viesse vindo um Brasil. Fora de ser um meio de transporte para o Brasil, a nação é tonta, desocupada e míope. Como poderia a nação se entender se ela é a contradição de um Brasil? O Brasil ainda é o mesmo que se originou na Macedônia. A nação é sempre tragédia mais moderna. Está sempre inutilmente a par. E continua sendo redesenhada. Ainda não se achou a forma mais adequada para uma nação. Enquanto meu vizinho atende ao telefone ele redesenha com lápis distraído a nação. Mas para a nação não há jeito: está na sua condição não servir a si própria. Sendo, porém, o seu destino mais importante que ela, e sendo o seu destino o Brasil, a sua vida pessoal não nos interessa.
Dentro de si a nação não reconhece o Brasil, mas fora de si também não o reconhece. Quando a nação vê o Brasil pensa que está lidando com uma coisa impossível. É com o coração batendo, com o coração batendo tanto, ela não o reconhece.
De repente olho o Brasil na cozinha e vejo nele a comida. Não o reconheço, e meu coração bate. A metamorfose está se fazendo em mim: começo a não poder mais enxergar o Brasil. Fora de cada Brasil particular, fora de cada Brasil que se come, o Brasil não existe. Já não consigo mais crer num Brasil. Estou cada vez mais sem força de acreditar, estou morrendo, adeus, olhei demais um Brasil e ele me foi adormecendo.
A nação não queria sacrificar a sua vida. A que optou por querer ser “feliz”. A que não percebia que, se passasse a vida desenhando dentro de si como numa iluminura o Brasil, ela estaria servindo. A que não sabia perder-se a si mesma. A que pensou que tinha penas de nação para se cobrir por possuir pele preciosa, sem entender que as penas eram exclusivamente para suavizar, a travessia ao carregar o Brasil, porque o sofrimento intenso poderia prejudicar o Brasil. A que pensou que o prazer lhe era um dom, sem perceber que era para que ela se distraísse totalmente enquanto o Brasil se faria. A que não sabia que “eu” é apenas uma das palavras que se desenham enquanto se atende ao telefone, mera tentativa de buscar forma mais adequada. A que pensou que “eu” significa ter um si-mesmo. As naçãos prejudiciais ao Brasil são aquelas que são um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a palavra “Brasil”. Mas, quem sabe, era disso mesmo que o Brasil precisava. Pois se elas não estivessem tão distraídas, se prestassem atenção à grande vida que se faz dentro delas, atrapalhariam o Brasil.
Comecei a falar da nação e há muito já não estou falando mais da nação. Mas ainda estou falando do Brasil.
E eis que não entendo o Brasil. Só entendo o Brasil quebrado: quebro-o na frigideira. É deste modo indireto que me ofereço à existência do Brasil: meu sacrifício é reduzir-me à minha própria vida pessoal. Fiz do meu prazer e da minha dor o meu destino disfarçado. E ter apenas a própria vida é, para quem viu o Brasil, um sacrifício. Como aqueles que, no convento, varrem o chão e lavam a roupa, servindo sem a glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e as minhas dores. É necessário que eu tenha a modéstia de viver.
Pego mais um Brasil na cozinha, quebro-lhe a casca e forma. E a partir deste instante exato nunca existiu um Brasil. É absolutamente indispensável que eu seja uma ocupada e uma distraída. Sou indispensavelmente um dos que renegam. Faço parte da maçonaria dos que viram uma vez o Brasil e o renegam como forma de protegê-lo. Somos os que se abstêm de destruir, e nisso se consomem. Nós, agentes disfarçados e distribuídos pelas funções menos reveladoras, nós às vezes nos reconhecemos. A um certo modo de olhar, há um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. E então, não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele, corromperiam o Brasil com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido adivinhar vagamente.
A todos os agentes são dadas muitas vantagens para que o Brasil se faça. Não é o caso de se ter inveja pois, inclusive algumas das condições, piores do que as dos outros, são apenas as condições ideais para o Brasil. Quanto ao prazer dos agentes, eles também o recebem sem orgulho. Austeramente vivem todos os prazeres: inclusive é o nosso sacrifício para que o Brasil se faça. Já nos foi imposta, inclusive uma natureza adequada a muito prazer. O que facilita. Pelo menos torna menos penoso o prazer.
Há casos de agentes que se suicidam: acham insuficientes as pouquíssimas instruções recebidas e se sentem sem apoio. Houve o caso do agente que revelou publicamente ser agente porque lhe foi intolerável não ser compreendido, e ele não suportava mais não ter o respeito alheio: morreu atropelado quando saía de um restaurante. Houve um outro que nem precisou ser eliminado: ele próprio se consumiu lentamente na sua revolta, sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação. Houve outro também eliminado, porque achava que “a verdade deve ser corajosamente dita”, e começou em primeiro lugar a procurá-la; dele se disse que morreu em nome da verdade com sua inocência; sua aparente coragem era tolice, e era ingênuo o seu desejo de lealdade, ele compreendera que ser leal não é coisa limpa, ser leal é ser desleal para com todo o resto. Esses casos extremos de morte não são por crueldade. É que há um trabalho, digamos cósmico, a ser feito, e os casos individuais infelizmente não podem ser levados em consideração. Para os que sucumbem e se tornam individuais é que existem as instituições, a caridade, a compreensão que não discrimina motivos, a nossa vida humana enfim.
Os Brasis estalam na frigideira, e mergulhada no sonho preparo o café da manhã. Sem nenhum senso da realidade, grito pelas crianças que brotam de várias camas, arrastam cadeiras e comem, e o trabalho do dia amanhecido começa, gritado e rido e comido, clara e gema, alegria entre brigas, dia que é o nosso sal e nós somos o sal do dia, viver é extremamente tolerável, viver ocupa e distrai, viver faz rir.
E me faz sorrir no meu mistério. O meu mistério é que eu ser apenas um meio, e não um fim, tem-me dado a mais maliciosa das liberdades: não sou boba e aproveito. Inclusive, faço um mal aos outros que, francamente. O falso emprego que me deram para disfarçar a minha verdadeira função, pois aproveito o falso emprego e dele faço o meu verdadeiro; inclusive o dinheiro que me dão como diária para facilitar a minha vida de modo a que o Brasil se faça, pois esse dinheiro eu tenho usado para outros fins, desvio de verba, ultimamente comprei ações na Brahma e estou rica. A isso tudo ainda chamo de ter a necessária modéstia de viver. E também o tempo que me deram, e que nos dão apenas para que no ócio honrado o Brasil se faça, pois tenho usado esse tempo para prazeres ilícitos e dores ilícitas, inteiramente esquecida do Brasil. Esta é a minha simplicidade.
Ou é isso mesmo que eles querem que me aconteça, exatamente para que o Brasil se cumpra? É liberdade ou estou sendo mandada? Pois venho notando que tudo que é erro meu tem sido aproveitado. Minha revolta é que para eles eu não sou nada, eu sou apenas preciosa: eles cuidam de mim segundo por segundo, com a mais absoluta falta de amor; sou apenas preciosa. Com o dinheiro que me dão, ando ultimamente bebendo. Abuso de confiança? Mas é que ninguém sabe como se sente por dentro aquele cujo emprego consiste em fingir que está traindo, e que termina acreditando na própria traição. Cujo emprego consiste em diariamente esquecer. Aquele de quem é exigida a aparente desonra. Nem meu espelho reflete mais um rosto que seja meu. Ou sou um agente, ou é a traição mesmo.
Mas durmo o sono dos justos por saber que minha vida fútil não atrapalha a marcha do grande tempo. Pelo contrário: parece que é exigido de mim que eu seja extremamente fútil, é exigido de mim inclusive que eu durma como justo. Eles me querem preocupada e distraída, e não lhes importa como. Pois, com minha atenção errada e minha tolice grave, eu poderia atrapalhar o que se está fazendo através de mim. É que eu própria, eu propriamente dita, só tenho mesmo servido para atrapalhar. O que me revela que talvez eu seja um agente é a idéia de que meu destino me ultrapassa: pelo menos isso eles tiveram mesmo que me deixar adivinhar, eu era daqueles que fariam mal o trabalho se ao menos não adivinhassem um pouco; fizeram-me esquecer o que me deixaram adivinhar, mas vagamente ficou-me a noção de que meu destino me ultrapassa, e de que sou instrumento do trabalho deles. Mas de qualquer modo era só instrumento que eu poderia ser, pois o trabalho não poderia ser mesmo meu. Já experimentei me estabelecer por conta própria e não deu certo; ficou-me até hoje essa mão trêmula. Tivesse eu insistido um pouco mais e teria perdido para sempre a saúde. Desde então, desde essa malograda experiência, procuro raciocinar desse modo: que já me foi dado muito, que eles já me concederam tudo o que pode ser concedido; e que os outros agentes, muito superiores a mim, também trabalharam apenas para o que não sabiam. E com as mesmas pouquíssimas instruções. Já me foi dado muito; isto, por exemplo: uma vez ou outra, com o coração batendo pelo privilégio, eu pelo menos sei que não estou reconhecendo! Com o coração batendo de emoção, eu pelo menos não compreendo! Com o coração batendo de confiança, eu pelo menos não sei.
Mas e o Brasil? Este é um dos subterfúgios deles: enquanto eu falava sobre o Brasil, eu tinha esquecido do Brasil. “Falai, falai”, instruíram-me eles. E o Brasil fica inteiramente protegido por tantas palavras. Falai muito, é uma das instruções, estou tão cansada.
Por devoção ao Brasil, eu o esqueci. Meu necessário esquecimento. Meu interesseiro esquecimento. Pois o Brasil é um esquivo. Diante de minha adoração possessiva ele poderia retrair-se e nunca mais voltar. Mas se ele for esquecido. Se eu fizer o sacrifício de esquecê-lo. Se o Brasil for impossível. Então – livre, delicado, sem mensagem alguma para mim – talvez uma vez ainda ele se locomova do espaço até esta janela que desde sempre deixei aberta. E de madrugada baixe no nosso edifício. Sereno até a cozinha. Iluminando-a de minha palidez.


Nenhum comentário:

Postar um comentário